À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.
Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.
Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.
Sophia de Mello Breyner Andersen
Obra Poética I
Para a Graça
Hoje é um dia igual a tantos outros;
O sol se assoma mandrião e esquivo;
Trazendo a suave aurora pela mão;
Os galos cantarão uns com os outros;
Num alvoroço cálido e festivo.
Em tempos, numa aurora laboriosa;
Num dia igual a este e a tantos outros;
Chegaste plena, reclamando espaço;
Intensa, passional e caprichosa;
Sem tempo para o tempo e pra cansaço.
É neste dia que te festejamos;
Radiosa aurora que te nos mostrou;
O tempo veio a revelar-se sábio;
Os nossos dias tornaram-se cheios;
Da tua vida que se nos doou.
M.R.
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